quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Memorai da Reunião a Rede MangueMar Pernambuco


 
Memoria da Reunião da Rede MangueMar Pernambuco
Local: Sala Gilberto Ozório – Fundaj de Apipucos
Recife, 19 de agosto de 2014.
PARTICIPANTES:

  1. Alberto Santos – Instituto Recifes Costeiros (Tamandaré);
  2. Fabiano Ribeiro – Cepene / ICMBio;
  3. Juvenita Albuquerque – Fundaj;
  4. Lígia Albuquerque – Fundaj;
  5. Manoel Pedrosa – Instituto Recifes Costeiros (Tamandaré);
  6. Maria de Fátima de Carvalho Santos – Secretária do Meio Ambiente de Tamandaré;
  7. Myrelly Gonçalves – Colônia de Pescadores de São José da Coroa Grande / Z-9;
  8. Severino Antonio dos Santos – CPP/NE;
  9. Severino Ramos – Colônia de Pescadores de Tamandaré / Z-5;
  10. Solange Coutinho – Fundaj;
  11. Tarcísio Quinamo – Fundaj.


PAUTA:

  • Pan Corais e Pan Manguezais;
  • Monitoramento da produção pesqueira;
  • Funcionamento e organicidade da Rede MangueMar em Pernambuco;
  • Informes sobre projetos de pesquisa que estão sendo executados pelo Cepene, e sobre o Fórum de Debate sobre Conservação da Biodiversidade Marinha, também, realizado pelo Cepene;


DESENVOLVIMENTO:

Fabiano Ribeiro, secretário da Rede MangueMar em Pernambuco, fez um breve relato sobre os projeto de pesquisas referentes a conservação e gestão dos recursos pesqueiros, no âmbito das novas metodologia e gestão do Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiro do Nordeste - Cepene. Com a nova proposta de ação, o Cepene iniciará um processo que envolverá as comunidades pesqueiras nos projetos de pesquisa e monitoramento pesqueiros. Esse enfoque tem por objetivo contribuir para gestão desses recursos. Inicialmente, será realizado o monitoramento da atividade pesqueira no Município de São José da Coroa Grande/PE, o qual está inserido na da Apa Federal Costa dos Corais (PE/AL). Espera-se, posteriormente, que essa metodologia se estenda para outras comunidades dentro da Apa Costa dos Corais, como, também, para municípios de outras unidades de conservação, a exemplo das unidades Resex Jequiá da Praia, em Alagoas, e da Resex Acaú- Goiana, em Pernambuco.

Segundo Fabiano Ribeiro, esse monitoramento pesqueiro almeja a constituição de um banco de dados referentes à atividade pesqueira, na perspectiva de contribuir para a elaboração de um diagnóstico do setor artesanal da pesca. Essa proposta consiste em uma das ações do Pan Corais, na área foco 6 (Apa Costa dos Corais).

Fabiano Ribeiro citou a metodologia do Estatpesca, a qual tinha uma significativa capilaridade, e que atualmente funciona apenas no Estado do Ceará, como uma possibilidade de monitoramento a ser pensada pelos Municípios, considerando que os mesmos criaram, nos últimos anos, secretarias, diretorias e divisões de pesca, as quais competem à execução de políticas direcionadas à pesca artesanal.

Severino Antonio salientou que o Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP) do Brasil, nessa perspectiva de monitoramento da pesca artesanal, está com uma proposta de realizar o levantamento da produção pesqueira, em Pernambuco. Nesse Estado, já foram definidas áreas no litoral norte e sul. Também, estão previstas áreas na Bacia do Rio São Francisco. E Para que as comunidades possam protagonizar esse processo, será realizada uma atividade no Conselho Pastoral de Pescadores/CPP, em Olinda, com a coordenação do MPP Nacional e alguns pesquisadores, para a construção da metodologia.

Fabiano Ribeiro informou sobre o Fórum de Debate para conservação da Biodiversidade Marinha no Nordeste, espaço de discussão criado pelo Cepene, em Tamandaré, o qual tem o propósito de integrar pesquisadores, sociedade e governo, na perspectiva da conservação marinha no Nordeste. Já foram realizados dois fóruns, o primeiro em 10 de junho de 2014, com tema referente ao capital social dos pescadores artesanais, e o segundo realizado no dia 12 de agosto de 2014, com tema relacionando à sustentabilidade da pesca da lagosta no Nordeste. Ainda não foi definida a periodicidade do fórum, podendo ser bimensal ou por trimestre.

Fabiano Ribeiro apresentou, de maneira geral, o conceito e os objetivos do Plano de Ação Nacional (Pan), ou seja, o Pan como um dos instrumentos de implementação da Política Nacional de Biodiversidade (Decreto 4.339, de 22 de agosto de 2002). Outros instrumentos dessa política pública são: as Listas Nacionais Oficiais de Espécies Ameaçadas de Extinção e os Livros Vermelhos das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção. Esse plano, de acordo com Fabiano, foi elaborado para o cumprimento do Brasil à meta de Aichi 12 da Convenção da Diversidade Biológica (CDB, 2012), que é: “Até 2020, a extinção de espécies ameaçadas conhecidas terá sido evitada e a sua situação de conservação, em especial daquelas sofrendo um maior declínio, terá sido melhorada e mantida”.

Com relação ao Pan Corais, Fabiano Ribeiro apresentou as espécies foco, as espécies beneficiadas e as áreas foco. As espécies foco, que tem uma íntima ligação com a pesca artesanal de Pernambuco são: tubarão-lixa; búzio chapéu de couro e coral-de-fogo. As espécies beneficiadas são: cavalo-marinho (duas espécies); peixe-pedra; mero; sirigado; caranha; bico-verde; peixe-papagaio-banana; budião cinza; budião vermelho.

De acordo com Fabiano Ribeiro, a área foco do Pan Corais, em Pernambuco, é Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (PE-AL).

Severino Antonio fez uma breve apresentação sobre o Plano de Ação Nacional para Conservação dos Manguezais, com foco no objetivo geral, o qual é elaborar um plano de ações estratégicas e prioritárias que possa influenciar as políticas setoriais e regionais visando preservar a fauna ameaçada de extinção e as espécies de importância socioeconômica do ecossistema manguezal. Também é objetivo do plano, segundo Severino Antônio, incorporar o conhecimento tradicional nas estratégias de conservação dos manguezais, no âmbito do Projeto Manguezais do Brasil. Em Pernambuco as áreas foco do PAN dos Manguezais, é a área da Apa Federal Costa dos Corais (PE/AL) e a Resex Federal Acau-Goiana (PE/PB). O Pan Manguezais está no final da primeira etapa de elaboração, e no período de 15 a 18 de setembro em Brasília será realizada a oficina final de consolidação do plano.

Com relação à organicidade da rede MANGUEMAR em Pernambuco, Severino Antonio informou que a estrutura da rede foi definida na Assembleia de criação da rede Nacional, realizada em 2007, no Município de Santo Amaro da Purificação. A formação é tripartite, com representantes das comunidades pesqueiras, representantes de ONGs, e pesquisadores/as, podendo ou não estar inseridos em organizações de pesquisas formais (governamental). Aqui em Pernambuco compõem a rede: ONGs – CPP/NE, MOPEPE, Centro Escola Mangue, IRCOS, Instituto Oceanário, Grupo Nega/UFRPE, Caranguejo-uçá da Ilha de Deus, etc.; na bancada dos pesquisadores – Tarcísio Quinamo, Clemente Coelho, Beatrice Padovani Ferreira, Cristiano W. N. Ramalho, Prof. Luiz Lira, etc.; das comunidades pesqueiras – Colônia Z – 10 de Itapissuma, Z – 03 de Pontas de Pedra, Z – 14 de Goiana, Z – 08 do Cabo, Z – 06 de Barra de Sirinhaém, Z – 05 de Tamandaré, Z – 09 de São José da Coroa Grande, Z – 25 de Jaboatão, Associação dos Pescadores e Pescadoras da Praia de Carne de Vaca, entre outros.

Severino Antonio salientou que será necessário fazer uma atualização dos membros a rede. Tarcísio Quinamo está na representação da rede MangueMar Brasil, junto ao Conselho Diretivo da RedMANGLAR. As atividades dessa rede estãos sendo definidas. De acordo com Severino, Carlos Salvatierra falou durante o encontro de maio, que a RedManglar realizará um encontro preparatório para COP12, e que discutirão a Convenção de RAMSAR. Severino sugeriu que talvez fosse interessante realizar um momento de estudo envolvendo a Convenção de RAMSAR com os Planos dos Corais e de Manguezais, pois todas as ações previstas estão interligadas.

DEBATE:

Solange Coutinho – Como foi à definição das áreas prioritárias e quais são os critérios dessas definições? As áreas prioritárias estão na área das Unidades de Conservação (APA Costa dos Corais e RESEX Acau Goiana), essas comunidades foram ouvidas? Os municípios estão participando dessa construção, qual é a relação?

Fabiano – As áreas prioritárias foram definidas na reunião preparatória do Pan Corais, a qual foi realizada por grupos de especialistas em ambientes coralíneos, de todo o Brasil, bem como gestores e analistas ambientais do ICMBio. A participação das comunidades no processo se deu por representantes dos pescadores artesanais, a exemplo do Conselho Pastoral dos Pescadores e da Confrem.

Ligia – Como são selecionados os participantes dessas oficinas dos PANs, e como a sociedade em geral pode contribuir com esses planos?

Fabiano – Os participantes dessas oficinas foram indicados na reunião preparatória do Pan, onde os presentes identificaram os possíveis articuladores das ações que seriam propostas. A sociedade está participando no processo de elaboração através de seus representantes, como falado anteriormente.

Tarcísio Quinamo – Em Pernambuco quem são as pessoas de referencias e o que esta sendo construído como podemos interagir?

Fabiano – A interação do Plano com a sociedade se dará através dos articuladores. Em Pernambuco, Fabiano Ribeiro do Cepene, Eduardo Almeida da Apa Costa dos Corais, Beatrice Padovani da UFPE e Laurineide Santana do CPP/NE, são os articuladores de algumas ações do Pan Corais.

Severino - A área foco dos dois planos é a Apa Costa dos Corais, entretanto, até o momento não se teve relações entre os mesmos. Seria necessária, uma inter-relação entre os dois planos para melhor atingir seus objetivos.

Fabiano – A execução de um plano de ação é muito focado no articulador, pois é ele quem vai animar os atores locais para uma determinada ação. Seria interessante que os articuladores de ambos os planos para uma mesma área se articulassem. Mas, essa é uma preocupação geral, pois no Brasil inteiro há sobreposições, pois se considerarmos que além desses dois planos há outros, que incluem espécies e grupos de espécies, elevando mais ainda o número de sobreposições. Saliento que já há algumas propostas de fusão de planos para um recorte geográfico.

Manoel Pedrosa – Há edital para pesquisa referente à criação de áreas intangíveis na costa do Estado de Pernambuco. E acho interessante que sejam integradas as gestões da Apa Costa dos Corais, Apa de Guadalupe e o Parque Municipal do Forte de Tamandaré.

ENCAMINHAMENTOS

  • Articular seminário sobre a atividade pesqueira na APA Costa dos Corais a fim de fortalecer a participação dos pescadores no conselho, e de promover uma melhor integração entre as comunidades pesqueiras;
  • Solicitar à Fundação Joaquim Nabuco e o Centro de Pesquisa e Conservação Marinha do Nordeste (Cepene) que se coloquem a disposição para comporem o Conselho Deliberativo da Resex Acaú/Goiana;
  • Determinar que as reuniões ordinárias presenciais da Rede MangueMar/PE sejam realizadas trimestralmente, podendo ocorrer reuniões extraordinárias a qualquer momento;
  • Construção de grupo de discussão na rede mundial de computadores (https://groups.google.com/forum/?hl=pt#!forum/rede-mangue-mar-pe), na rede social Facebook e atualização das informações no blog da Rede MangueMar/PE;
  • Buscar informação sobre as ações dos Planos de Ações Nacionais no Estado de Pernambuco, e tentar articular as ações desses planos, com vistas à gestão integrada;
  • Contribuir com a coleta dados da pesca artesanal e com as pesquisas do Cepene, e com as atividades do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais.

Fabiano Pimentel Ribeiro
Secretário da Rede MangueMar/PE